Por Bruno Fernandes e Maíra Wheeler
Homens e mulheres de cabelos ao vento, longos, rebeldes e volumosos. De longe era difícil diferenciá-los. O “cool” era ser magro, nada musculoso. Quase todos usavam tanga e a moda era deixar alguns pelos pubianos de fora. Pareciam mais uma tribo de guerreiros, todos de pé e muito bem bronzeados.
O Pier de Ipanema ditou moda, marcou uma época e uma geração ganhando fama internacional. O local virou ponto de encontro para intelectuais, artistas, escritores e jornalistas. Eram tempos de abertura da mente, de radicalização dos sentidos.
Banhistas aproveitam um dia de sol no Pier de Ipanema |
As obras para a construção de um emissário submarino em Ipanema começaram em 1970 e só terminaram no final de 74. Para se tornar possível, a empresa responsável construiu um píer entre as ruas Vinícius de Moraes e Farme de Amoedo, que avançava mar a dentro.
A construção do píer mudou a configuração das ondas de Ipanema. As melhores estavam ali e não mais no Arpoador. Mas a principal transformação não foi paisagística, e sim comportamental. Os surfistas foram os primeiros a aparecer, mas não tardou para que todos os tipos de figuras cruzassem as dunas e as cercas e também chegassem àquele maravilhoso Oásis.
Lá instaurou-se gradualmente uma coletividade que cada vez mais se integrava ao que ficou conhecido como contracultura.
Alguns dos frequentadores, como o surfista Rico de Souza, lembra dos dias de loucura do píer e da visão de liberdade como uma potência a ser exercida em uma época que o país enfrentava a ditadura militar. “Entre os artistas e intelectuais, eu me lembro do Gilberto Gil, da Gal Costa, da Maria Bethânia, do Caetano Veloso. A nata da intelectualidade e da vanguarda da época frequentava as areias do píer”, afirmou Rico.
Todas as pessoas que frequentaram o pier nessa época acabaram participando, querendo ou não, de um sonho de verão. Elas fizeram parte de um processo que culminou na incorporação do Tropicalismo à sociedade brasileira.
O primeiro topless no Pier de Ipanema |
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