29 novembro 2011

Lembranças do Beco

29 novembro 2011 0
Julia Dias e Maria Carolina Lindgren

Beco Das Garrafas



Só eu sei porquê
Morro de prazer
Caminhando nas calçadas da Duvivier
Volto a respirar
As canções do Beco de lá
Lembro a matinê
Volto a imaginar
Dá pra ouvir até o som da música no ar
De Do Um Romão
De Tião, Gusmão, de João
Eu chego a pensar que a vida
Fez o Beco sem saída
Querendo esconder
Canções imortais
Ciúmes demais, sei lá
Eu chego a pensar que a vida
Fez o beco sem saída
Pra nada passar
Pra ninguém fugir
Pro tempo parar
Lembro de você
Morro de prazer
Caminhando nas calçadas da Duvivier
Botlles Bacará
Little Club e volto a sonhar
Eu chego a pensar que a vida
Fez o beco sem saída
Porém as canções
Fugiram de lá
Sabiam voar, sei lá
Daquelas canções
Criei um jardim
Que eu sigo cuidando assim
Porque as canções
Jamais terão fim
E cuidam tão bem
De mim

Surf e Batida do Oswaldo

Por Gabriela Fritz

Conhecido em toda cidade por suas deliciosas batidas, o Bar do Oswaldo na Barra da Tijuca, foi o primeiro ponto de encontro da galera da Barra da Tijuca. Fundado em 1946, há 65 anos é lugar de encontro não só de barrenses, mas também de outros moradores da Cidade Maravilhosa.
Ex morador do Leblon, Luiz Arthur Guimarães, que mora na Barra há 30 anos, diz que sempre gostou do local e lembra com carinho de muitas histórias.  Em um bate papo informal, o engenheiro ex surfista conta um pouco como era aquela época.
 “Já freqüentava o lugar antes mesmo de me mudar para Barra, pegava o carro do meu pai e colava aqui com o pessoal. Eram bons tempos, nós vínhamos para cá pelo menos uma vez por semana, o próprio Oswaldo já sabia o que cada um de nós queria. A galera ficava até tarde aqui, batendo papo e, claro, azarando a mulherada. ”, relembra rindo em nossa conversa por telefone. “Espera, você vai colocar na entrevista ‘colava’ e ‘azarava’? Ninguém mais fala isso hoje em dia!”  Brinca o dono de uma construtora, que tinha a batida de Coco como sua preferida. “O legal mesmo era ficar o dia inteiro na praia, surfando, e depois terminar lá no bar, na época que não era tão cheio, aquilo era bom. A gente colocava umas cadeiras aqui fora, o bate papo ia até de madrugada. O bom dessa época que era tudo calmo, a praia vazia, as ondas perfeitas, dava vontade de ficar o dia inteiro por lá. ”

(Oswaldo Cardoso - Dono do bar)

O Bar do Oswaldo continua sendo muito freqüentado hoje em dia, mas o ponto de encontro mudou. A Olegário Maciel lota durante a noites Cariocas, muitos jovens fazem a pré night lá e depois vão direto para algumas das muitas boites que existem nesse bairro da Zona Oeste, muitas estão entre as melhoras da cidade.

O Bar do Oswaldo nos dias de hoje.

Os amigos do Frescobol

Por: Bruno Trezena

btrezena@gmail.com

Desde os idos de 1920, uma teoria profundamente disseminada para os amantes da combinação raquete e bola de areia - o frescobol - é que, quanto mais força implicada num "saque" para o amigo, maior ela será no rebote. E assim sucessivamente. Outra regra é o tempo de permanência da bola no ar, que gera um embate incrível pra quem vê de fora. Lembrando disto, é mais ou menos dessa forma que o grupo de amigos do clássico esporte da beira de praia descreve o fortalecimento da amizade com o passar dos anos. Os saques e as amizades se fortalecem com o atravessar do tempo e o esporte, aos poucos, se torna centenário.

Os amigos Paulo, Maria José, Ana Cristina e Lúcio Natalino são considerados os progenitores de toda uma prática regulamentada nas areias de Copacabana, no Rio de Janeiroesporte, praticado na beira do mar no início - hoje, já revestido de uma lei municipal que proíbe sua prática perto dos banhistas - arrebanhou adeptos e simpatizantes da brincadeira. Quem ia entrando no grupo, ia se "achegando", se "enturmando", se "conhecendo". Vieram filhos, netos, bisnetos e o frescobol continuou reunindo as mesmas pessoas ao longo das décadas. Da Praia do Diabo à Copacabana, eles são reconhecidos de longe.

Hoje, com cerca de 50 praticantes - ou amigos, abusando mesmo da boa expressão que os une - o frescobol de amigos antigos vai sobrevivendo graças à prática quase que diária nas praias do Rio e sua organização ferrenha, montada pelo amigo Paulo. Ele e Maria José, nossos entrevistados desta edição do Patota Carioca, explicam como o esporte levou um catarinense e um carioca se tornarem bons amigos, viverem bons momentos e continuarem juntos para cutir a vida. E olha que essa história começou lá atrás, bem lá atrás.

Veja o video desse encontro!

Rua Ceará

Por Camilla Alves

Localizada na Praça da Bandeira, a Rua Ceará é considerada o berço do motociclismo no Rio e é onde abriga o bar mais Rock n’ Roll da cidade, o Heavy Duty Beer Club. A poucos metros da Vila Mimosa, a rua se tornou o point dos fãs de metal e blues, além do clube de motoqueiros Balaios.
Ainda na década de 80, a rua era conhecida pelo nome de um de seus espaços mais famosos: o Garage. Palco de nove entre dez bandas independentes na época. O casarão antigo foi um grande celeiro do rock carioca, e atraía desde adolescentes ultra-revoltados até motociclistas mais cascudos, além de punks, metaleiros, góticos, skinheads, headbangers, entre outros. Todos com o mesmo propósito: muita cerveja gelada e Rock n’ Roll.
O Garage, casa que foi Meca do gênero heavy metal e já foi palco de Marcelo D2, Los Hermanos e bandas internacionais como Buzzcocks, Madball e Agnostic Front, está com as portas fechadas desde 2009. Mas o Heavy Duty continua firme e forte, com sua ambientação privilegiada, caveiras, intensa luz vermelha, paredes ícones da cultura “On The Road”, evocando outro tempo e outro lugar. Quem já foi lá não se esquece do tratamento rude do dono do bar, o Zeca Urubu, e seu famoso grito “batata-frita pronta, porra!”. Além de ver cenas dele espalhando alguma bebida no balcão e ateando fogo.
A turma do Clube dos Balaios continua freqüentando a rua e fazendo ponto no Heavy Duty, com espírito inalterado e compartilhando suas características básicas: Irmandade, Motociclismo e Rock n’ Roll.


 Heavy Duty Beer Club


Faça chuva ou faça sol, eles estão lá!

Por Fernanda Cabral Coelho
Jogar cartas é o esporte de muitos aposentados que encontram nesta atividade uma diversão. Na Tijuca, a Praça Saens Peña é um dos muitos pontos de encontro de vários jogadores.
O grupo de idosos se encontram todos os dias para algumas partidas de sueca e buraco, e não abrem mão do bom bate papo. Muitos são viúvos e moram sozinhos, o que faz do encontro o evento do dia, um momento para relaxar com os amigos.
O jogo, além de socializar, propõem desafios que estimulam o raciocínio e exercita o cérebro do idoso, afastando problemas comuns em pessoas nesta fase da vida, como a perda de memória e até mesmo o mal de Alzheimer.
Pesquisadores afirmam que jogos como os de memória, forca, cartas, palavras cruzadas e xadrez, são muito bons para estimular as funções cognitivas cerebrais, já que os neurônios são células que se não forem estimuladas, podem morrer, causando muitos problemas. “A ideia é usar para não perder” diz a médica Cacilda Amorim. Além de tudo isso, os jogos são importantes porque à medida que relaxam e distraem, eles estimulam a superação de cada jogador.
Durante um jogo e outro, são muitas histórias. Os amigos falam sobre suas experiências, relembram o passado e até planejam o futuro. Para José Otacílio, de 74 anos, o encontro afasta a solidão e distrai a cabeça. “Aqui nós papeamos, jogamos e até paqueramos. Melhor ficar aqui vendo as modas, do que ficar em casa trancado e sozinho. Aqui nós damos boas risadas.”, contou o sorridente Birimba, apelido carinhoso dado pelos amigos.

Corrida de Rua

Por Fernanda Cabral Coelho

A corrida de rua surgiu na Inglaterra, no século XVIII, onde foi ficando popular até se expandir pela Europa e Estados Unidos, país que promoveu Maratona Olímpica anual mais antiga, realizada em 1897.

Ao longo do tempo, a prática desse esporte foi ficando mais comum. O Atletismo, modalidade olímpica, ganhou regras e padrões internacionais, praticados por profissionais do mundo todo.  Mas a paixão por correr vai além e conquistou muitos atletas amadores.
No Brasil o crescimento foi, notado na década de 80, tendo com um dos marcos a Maratona do Rio de Janeiro de 1980, poucos anos após o período que marcou o ingresso das mulheres na São Silvestre, corrida de rua mais famosa do país, realizada em São Paulo todo dia 31 de dezembro, que reuníu 21.000 participantes em 2010.
Atualmente, observa-se que um grande número de pessoas, homens e mulheres de diversas idades, vem praticando a corrida de rua, sendo cada vez mais normal encontrar grupos de assessoria esportiva especializados em todas as cidades. No Rio de Janeiro, cenário de muitos eventos deste esporte, somente em 2011 foram mais 30 provas, os grupos se concentram em vários pontos, principalmente nas orlas da Zona Sul e na Lagoa Rodrigo de Freitas.  
Eugenia Vigna, integrante de um desses grupos, diz que além de praticar o esporte que mais gosta, fez vários amigos e agora, essa turma se reúne para participar de provas durante todo o ano, dentro e fora do estado. Uma das últimas, foi a Maratona Cross Country de Búzios 2011, que segundo ela, serviu para juntar o pessoal ainda mais, pois a prova tinha percursos muito complicados, passando por dentro do mar e pulando pedras, obstáculos que foram vencidos com ajuda dos amigos. “A prova foi maravilhosa e o espírito de equipe serviu para unir ainda mais. Todo mundo comemorou junto na linha de chegada.” contou Eugenia.

28 novembro 2011

Baixo Gávea

28 novembro 2011 0
Por Diego Moreira, Helena Passos, Luis Costa e João Vitor Sanches




    O Baixo Gávea conhecido popularmente como BG é a mais forte expressão do espírito carioca. Cervejinha na rua, carne feita na brasa (no braseiro) e muito chopinho gelado.
     
Em uma quarta-feira de futebol. O tradicional Baixo Gávea, ou BG, bem ali em frente ao Jockey Clube Brasileiro, abriga todo tipo de torcedor e não torcedor, em dia de jogo.
   
O BG já inspirou em um filme, estrelado por Lucélia Santos, nos anos 80, e uma coleção de À Colecionadora, da estilista Luiza Marcier. Luiza é tão assídua que em 2003 fez o desfile de sua grife sobre as mesas do Hipódromo, que disputa com o Braseiro o título de bar mais freqüentado da região. “A idéia foi homenagear o Baixo, onde se pode tomar um chope em pé e encontrar pessoas que você não estava prevendo”, diz.
   
Como essa paixão carioca começou? “Quando inauguramos, em 1981, não tinha nada por aqui. Só nós e o Hipódromo, que atendia os funcionários do Jockey (do outro lado da praça). Quem criou o Baixo Gávea como ele é fomos nós. E já estamos na segunda geração: Isabela Capeto, por exemplo, vinha com os pais e hoje, que tem ateliê aqui em frente, vem com a filha”, diz Chico Mascarenhas, dono do Guimas.
   
Frequentado por artistas, modernos, hippies, surfistas, banqueiros, estilistas, chefs de cozinha e gourmets, intelectuais, mauricinhos e patricinhas (etc., etc., etc…), o que realmente importa é o clima de descontração e a junção de grupos tão diferentes no mesmo lugar – encontrar, sem combinar, com pessoas que você conhece de outros carnavais; ir de chinelo e com a primeira roupa que você vê no armário, sem nenhuma preocupação. E o melhor: a atmosfera de azaração que está sempre “no ar”, a conversa fora que não acaba mais entre uma cerveja e outra.

Amarelinho é a luz da cinelândia

Por Diego Moreira, Helena Passos, Luis Costa e João Vitor Sanches

Bar Amarelinho - Cinelândia
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O Bar Amarelinho e localizado na Praça Floriano, na Cinelândia é um dos mais antigos bares da cidade do Rio de janeiro. A Cinelândia popularizou-se a partir dos anos 30, dezenas de teatros, boates, bares e restaurantes instalaram-se na região, tornando-a referência em matéria de diversão popular. O bar Amarelinho é um dos mais procurados dessa região. Fundado em 1921, o Amarelinho é uma mistura de restaurante, bar, lanchonete, sorveteria e choperia, é um célebre ponto de referência dos cariocas, um autêntico patrimônio do Rio. Possui vista espetacular para um conjunto arquitetônico precioso que rodeia a Cinelândia.

Ao longo de sua existência, o Amarelinho da Cinelândia vem recebendo os participantes dos mais variados e importantes acontecimentos ocorridos no local que atrai, centraliza e finaliza todos os grandes eventos e momentos importantes da vida carioca, atraindo um público amplo e diversificado. A clientela é bastante variada: trabalhadores, empresários, políticos, turistas, boêmios, artistas, famílias e passantes que se sentem cativados pela simpatia do ambiente.

Ao redor do bar, estão o Theatro Municipal, A Biblioteca Nacional, o cinema Odeon, a Câmara dos Vereadores e o Centro Cultural da Justiça Federal. O Amarelinho da Cinelândia é um daqueles bares do Rio de Janeiro que sempre estão nos livros de história. 
 .
 
Chopada da turma de medicina da UFRJ de 1961

25 novembro 2011

25 novembro 2011 0
Roda Cultural da Amálgama Praia de Botafogo.

Pessoas no encontro em uma das rodas
Criado por jovens que buscavam mostrar seus talentos e expandir idéias musicais voltada pro Rap, a roda de rima surgiu há mais ou menos um ano na praça da farani mas teve que mudar de local por causa do grande aumento de pessoas freqüentando e participando desse movimento cultural. Hoje se encontra todas as terças feiras na Praia de Botafogo á partir de 20h00 horas.

Texto publicado por um dos fundadores da Roda


A Roda não vai parar...

Para os que não conhecem e não entendem o que são as Rodas Culturais, fiquem sabendo: as Rodas são mais que um simples encontro na rua, vão além de “boas” nas noites do rio. As Rodas são uma conquista. É um espaço comum a todos, destinado ao movimento artístico e cultural de rua. É um ambiente no qual a arte está apta a transitar livremente, independente da sua vertente, onde a qualquer momento, pessoas sacam e tocam seus instrumentos, fazem seus desenhos, jogam seus malabares, equilibram-se nos slack-lines, cantam músicas, impovisam, e o mais importante se falam e se respeitam. Lembrem-se disso enquanto estiverem nas Rodas, lembrem-se que as rodas não precisam de bebida e nem de fumo pra sobreviver, mas sim de música e arte, lembrem-se de interagir com os artistas, lembrem-se de trazer roupas que vocês não usam mais, pra se sejam trocadas na “Barraca de Trocas” por coisas que queiram usar, e lembrem-se que as Rodas são feitas na rua, e que a rua é uma extensão de nossas casas, então sinta-se em casa, e porte-se adequadamente.

Fiquem a vontade pra trazer seus matérias de desenho, seus instrumentos, suas poesias, suas pinturas, suas artes, e o mais importante, suas presenças.As Rodas esperam por vocês! Amágame-se!!!Oriente-se!!!Salve-se quem puder!!!


41ª Roda Cultural da Amálgama em Botafogo



Cartazes e manifestações

24 novembro 2011

Festival de surf na década de 70

24 novembro 2011 0
   
Por Victor Miranda

A partir de 1968, nesta época apareceram os primeiros surfistas , eram uns quatro americanos que chamavam a atenção pelo seu estilo de vida bem diferente, pareciam meio hipes com cabelos loiros e muito compridos calças jeans desbotadas e sempre sem sapatos. Esses caras foram apelidados pelos nativos de “Pão com água”, provavelmente pela vida simples que levavam e pelo comportamento excêntrico para época.
 Os próximos surfistas a aparecerem no pico foram da galera do Rio de Janeiro.Esta foi uma época bem agreste esses caras ficavam em barracas tudo em Saquarema era muito bonito e exótico a vegetação era exuberante a maioria das casas em Itaúna não tinham muros, parecia um grande quintal. Eles andavam “largados” pela cidade num estilo bem soul e eram a atração local.

  

  No começo da década de 70 a galera dourada do Rio de Janeiro invadiu de vez a cidade. Saquarema estava na crista da onda, lguns até depois viraram celebridade como Evandro Mesquita, Monique Evans, Xuxa e o próprio André de Biasi. Esta foi uma época muito louca que culminou com os grandes festivais de Surf ,numa mistura de muita loucura com surf de ondas grandes em Itaúna que na época era o lugar a ser desafiado. Esses acontecimentos fizeram parte do desenvolvimento do Surf no estado do Rio de Janeiro e do Brasil .

22 novembro 2011

Geração contracultura

22 novembro 2011 0
Por Bruno Fernandes e Maíra Wheeler

Rata de praia. Assim podia ser definida Maria Luiza Bastos. A carioca, de 57 anos, era freqüentadora assídua de Ipanema e acompanhou de perto as transformações  da praia para a construção do píer. “Me lembro das dunas de areia criadas pelo movimento dos tratores, pois estava na praia quase todos os dias. O cenário eram as dunas imensas com os principais artistas e pensadores da época 'viajando' e criando arte. Ali ocorreu um grande movimento sócio, político e cultural”, explicou Maria Luiza.

Esse movimento começou quando o emissário submarino começou a ser instalado. Daí, houve uma grande migração para a região do píer. Primeiramente, os surfistas do Arpoador que foram atrás das melhores ondas. Por causa da construção do emissário surgiu um banco de areia na região que era perfeito para a formação de ondas. “A galera descolada ficava no Arpoador. Todos tatuados que tinham acabado de chegar da Europa e dos Estados Unidos com todas as novidades”, relembra Bastos.

Todos aproveitavam o mate gelado do Dagolho
Maria Luiza lembra com saudades da galera que frequentava o píer. Um ponto de encontro aonde as expressões de arte, cultura, esporte se manifestavam de todas as formas.  “A lista era extensa. Tinha Fernando Gabeira, Sonia Braga, o pessoal do Dzi Croquetes, Pedro Bial, Chico Buarque, Gal Costa. E todos eles bebiam mate no Degolho (sósia do ex-presidente da França Charles De Gaulle). Era impressionante que ele sabia tudo de cabeça, não tinha caderninho para anotar quem estava devendo pra ele”.

Hoje, o local onde ficava o antigo píer virou o famoso Posto 9 e continua sendo freqüentado pelos jovens da nova geração. Só que as meninas não usam calcinha de lycra, a depilação não é mais mal vista e eles não falam “que barato”, “bicho”e “milico”. Os tempos são outros, mas o point é o mesmo.

Galera reunida no final do tarde no Pier

Turma do Pier de Ipanema

Por Bruno Fernandes e Maíra Wheeler

Homens e mulheres de cabelos ao vento, longos, rebeldes e volumosos. De longe era difícil diferenciá-los. O “cool” era ser magro, nada musculoso. Quase todos usavam tanga e a moda era deixar alguns pelos pubianos de fora. Pareciam mais uma tribo de guerreiros, todos de pé e muito bem bronzeados.

O Pier de Ipanema ditou moda, marcou uma época e uma geração ganhando fama internacional. O local virou ponto de encontro para intelectuais, artistas, escritores e jornalistas.  Eram tempos de abertura da mente, de radicalização dos sentidos. 
Banhistas aproveitam um dia de sol no Pier de Ipanema
As obras para a construção de um emissário submarino em Ipanema começaram em 1970 e só terminaram no final de 74. Para se tornar possível, a empresa responsável construiu um píer entre as ruas Vinícius de Moraes e Farme de Amoedo, que avançava mar a dentro.

A construção do píer mudou a configuração das ondas de Ipanema. As melhores estavam ali e não mais no Arpoador. Mas a principal transformação não foi paisagística, e sim comportamental. Os surfistas foram os primeiros a aparecer, mas não tardou para que todos os tipos de figuras cruzassem as dunas e as cercas e também chegassem àquele maravilhoso Oásis.
Lá instaurou-se gradualmente uma coletividade que cada vez mais se integrava ao que ficou conhecido como contracultura.

Alguns dos frequentadores, como o surfista Rico de Souza, lembra dos dias de loucura do píer e da visão de liberdade como uma potência a ser exercida em uma época que o país enfrentava a ditadura militar. “Entre os artistas e intelectuais, eu me lembro do Gilberto Gil, da Gal Costa, da Maria Bethânia, do Caetano Veloso. A nata da intelectualidade e da vanguarda da época frequentava as areias do píer”, afirmou Rico.

Todas as pessoas que frequentaram o pier nessa época acabaram participando, querendo ou não, de um sonho de verão. Elas fizeram parte de um processo que culminou na incorporação do Tropicalismo à sociedade brasileira. 

O primeiro topless no Pier de Ipanema

Choro que traz alegria

  Por Bruno Silva Campos

Tudo começou com um grupo de alunos, em sua maioria da Escola Portátil de Música, que passou a se reunir na praça São Salvador em Laranjeiras aos domingos, das 11h às 13h, numa roda de choro informal e leve. Sob o nome de “Arruma o Coreto”, por conta de uma brincadeira com os fundadores do bloco carnavalesco Bagunça meu Coreto ( que a sete anos revitalizou a praça e deu novo ânimo com seu bloco de carnaval ), a roda de choro começou a acontecer e ganhar fama por acaso. No repertório, clássicos como Brasileirinho, Carinhoso, Tico-Tico no Fubá, Noites Cariocas, Odeon e muitos outros. A apresentação é gratuita e acontece aos domingos, das 10 às 14 horas. O grupo que começou tímido, com três ou quatro instrumentistas hoje é formado por cerca de vinte músicos entre flautistas, saxofonistas, violonistas e percussionistas.   A principal marca da praça, de uns anos para cá, virou a música ao vivo. Mensalmente, a São Salvador recebe a roda do 'Bagunça meu coreto', que mesmo sem data marcada, atrai centenas de pessoas. Todo domingo, de manhã, é a vez do 'Arruma o coreto' espalhar seu choro. E durante a semana, quem costuma ensaiar no local é a 'Go East Orkestar'. Já aos sábados é a vez da percussão do 'Batuque no coreto'.

 (Crédito: Divulgação)

Um Beco... uma boa música!

Por Julia Dias e Maria Carolina

Ah! Copacabana...protagonista de uma cidade maravilhosa!

Foi ali, em uma ruela modesta de copacabana na dècada de 50 que se eternizou um lugar, um estilo de música e um certo jeito boêmio de se levar a vida - O Beco das Garrafas faria história, marcaria os corações e deixaria mais do que saudades.

Entre os números 21 e 37 da rua Duvivier se localizavam pequenos bares, mais conhecidos como "fumaceiros"( recebiam esse nome por se tratarem de pequenos lugares fechados, onde a fumaça do cigarro imperava) . Seus inquietos frequentadores deixavam os bares nas madrugadas fazendo o máximo de barulho que conseguiam, fazendo com que os moradores da ruela se revoltasse jogando-lhes garrafas sem piedade, motivo pelo qual Sérgio Porto apelidou de “Beco das Garrafadas”, abreviado posteriormente para “ Beco das Garrafas”.

Os três Bares que marcaram nosso beco e uma década chamavam-se: Bar Bottle´s, a boite Baccarat e finalmente o Little´s Club, pioneiro nos conhecidos “shows de bolso”. Havia uma quarta casa chamada Ma Griffe, porém sua clientela duvidosa e o serviço oferecido não geraram  o reconhecimento das outras.

No famoso Beco se apresentaram grandes nomes da música Carioca, numa das boates, o Little´s club, Dolores Duran cantou até morrer em 59, diante do olhar de um garçom e sua paixão platônica. O Garçom era Alberico Campana, que com o irmão Giovanni, arrendou duas das casas e acompanhou a transformação da ruela em palco da música istrumental protagonizado por Sergio Mendes, Luis Carlos Vinhas, Luiz Eça, Paulo Moura, Raul de Souza, Edson Machado, Ed Maciel, J. T. Meirelles, Dom Salvador e Dom Um Romão. Depois, em berço do “pocket show”( os shows de bolso citados acima), inventado pela dupla Miele & Bôscoli, e de cantores como Jorge Ben, Elis Regina, Nara Leão e Leny Andrade.

O Beco e a Bossa nova - Merece um tópico

Podemos dizer que a Bossa e o Beco formaram um par e tanto, que nasceram juntos porém seguiram rumos um pouco diferentes.

A Bossa Nova obteve um sucesso estrondoso. Se tornou um movimento em crescimento constante, a exportação dos músicos e o que produziam seria inevitável.



A maioria dos artistas emergentes do gênero atinge a fama na década de 60, o que impossibilitou com que as pequenas casas do “ Beco” continuassem arcando com os custos do mesmo. 

Miele lembra que, no Beco, a mesa de luz era uma velha caixa de sapato "com quatro ou cinco interruptores" e os canhões de luz eram lanternas, "daquelas com três pilhas". Para conseguir ver sentados o show que dirigiam, ele e Bôscoli usavam um estratagema. Ligavam para a boate e reservavam mesa, se passando por jornalistas famosos da época, como Ibrahim Sued e Nina Chavs. Ocupavam o lugar, com as respectivas namoradas, enquanto o figurão não chegava. E ele não chegava nunca

Nossa ruela tem uma queda inevitável e perde a fama conquistada na brilhantina dos anos 50.

Dolores  Duran se apresentava nas boates Baccarat e Litlle Club que ficavam no Beco das Garrafas.  

Entre outros nomes ligados à Bossa Nova, Marisa Gata Mansa se apresentou também na na Boate Baccarat e Little Clube, tendo um disco com este nome.

O beco hoje

Lembranças de um lutador

Por Bruno Fernandes e Maíra Wheeler
Um dos componentes da Turma do Sinhozinho continua forte e saudável andando pelas ruas de Ipanema. Carlos Petezzoni, o Belisquete (belisquete era uma peça de fuzil usado pelo exército brasileiro, onde Petezzoni serviu em 1949), conversou com nossa equipe e falou com orgulho sobre o tempo em que conviveu com aquela turma. “Eu era melhor amigo do Sinhozinho, uma pessoa alegre e piadista, mas muito rígido com seus alunos. Daquela época só tenho lembranças agradáveis, onde até as brigas eram mais românticas”.
Durante a entrevista, realizada na casa de Petezzoni, podemos observar que ele ainda está em plena forma. São pesos, halteres e aparelhos de musculação espalhados por todo o apartamento. Além de malhar, Belisquete continua uma dieta rigorosa. “Continuo mantendo minha forma até hoje. Não tenho a mesma disposição de quando era jovem. Mas preciso manter o meu corpo em movimento”, disse.
Petezzoni foi um dos discípulos da capoeira ensinada por Sinhozinho. Seu interesse pela capoeira era tanto que em 1950 ele e seu irmão foram para New Orleans ensinar os americanos uma nova forma de luta. “Os americanos conheciam somente o boxe. Não sabiam o que eram luta com os pés. Quando perceberam que eu poderia arrebentar os sacos de boxe com os pés dando os pontapés da técnica de capoeira passaram a me respeitar. Comecei a treinar todos os dias com eles no New Orleans Athletic Club e deixei a marca da capoeira do Sinhozinho na América”, explicou Carlos que admite que a o pessoal da turma do Sinhozinho gostava de uma briga.
Certa vez, estávamos todos em Ipanema na casa de Sinhozinho e chegou um homem negro, do Morro do Cantagalo. Ele veio dizendo ser o melhor capoeirista do Rio de Janeiro, ele tinha uma marca de tiro na virilha. Peguei meu quimono para lutar com ele que estava de cueca. Todos pararam para olhar. Depois da luta tive medo de ter matado aquele homem”, afirmou com um olhar um pouco arrependido.
Apesar de tanto tempo ter passado ainda existe uma chama acesa da Turma do Sinhozino. E Carlos Petezzoni é um dos representantes dessa geração que marcou a vida e os hábitos do bairro de Ipanema.
Petezzoni demonstra sua téncica em New Orleans, em 1948


Turma do Sinhozinho

Por Bruno Fernandes e Maíra Wheeler

Um dos grandes mestres da capoeira no Rio de Janeiro e também instrutor de atividades atléticas e lutas, na sua própria casa em Ipanema. Tendo também paradoxalmente, sido um grande boêmio do início do século passado. Esse era Agenor Moreira Sampaio, mais conhecido como Sinhozinho de Ipanema. Seu apelido deu nome a uma das turmas mais conhecidas da zona sul do rio, a Turma do Sinhozinho.

Até as primeiras décadas do século 20 o senso comum costumava associar a capoeira, principalmente no Rio de Janeiro, como atividades de malandros e da boemia carioca.  No entanto, nem só do universo da rua e da malandragem que a capoeira do Rio se alimentou no início do século. Ainda em 1920, uma capoeira voltada para filhos da elite despontou e fez escola pelas mãos e pés de Agenor Moreira Sampaio, o Sinhozinho. Figuras notórias da sociedade carioca passaram por suas mãos. Entre eles, Tom Jobim, Eloy Dutra (antigo governador do Estado da Guanabara), Darke Mattos (dono do chocolate Bhering), Telmo Maia, Flavio Maranhão (jornalista da turma) e Rudolf Hermanny.

Toda essa turma se encontrava na academia de Sinhozinho e nos bares de Ipanema, como o Veloso. Por causa dessa vida boêmia, muitos atletas acabaram se especializando mais no levantamento de copos do que de pesos. Mas alguns seguiram a vida de esportistas e chegaram a enfrentar lutadores de outras turmas. Um deles foi Luiz Pereira de Aguiar, o Cirandinha, que foi desafiado por Carlson Gracie e acabou perdendo a luta. Segundo relatos da época, o lutador da família Gracie suou muito para vencer o capoeirista Cirandinha.

Sinhozinho explica sua técnica de capoeira para seus alunos
Tom Jobim levantando peso na casa do Sinhozinho
A capoeira ensinada por Sinhozinho continua sendo referência até os dias de hoje não só no Brasil, como no exterior. Muitos atletas que fizaram parte da Turma do Sinhozinho seguiram no esporte e se deixaram seu nome marcado na história. Muito dos integrantes ainda se encontram ocasionalmente, mas muitos faleceram com o passar dos anos. Uma turma que marcou sua história na zona sul carioca.


A Patota do Imperator

Por Elizabete, Felipe, Heryka e Marlon.

"Eh, vida boa Quanto tempo faz Que felicidade! E que vontade de tocar viola de verdade e de fazer canções como as que fez meu pai..."
Espelho - João Nogueira.

“Alguém por acaso lembra da Dias da Cruz nos finais do anos 50 e inicio dos 60? Dos grupos de rapazes e moças dançando rock na galeria do Imperator e em frente ao Rei da Voz? Do milk de chocolate nas lojas Americanas? Dos discos comprados na Mesbla? Do movimento de estudantes no após-aula? Das meninas do Sagrado Coração de Maria sempre com caras muito serias e olhar empinado para frente? Da galera dos estudantes de ETN, ETQ e ETIQT sempre a disputar pelas meninas mais bonitas? “ pergunta animado o hoje morador de Irajá num blog da zona norte hospedado pelo fotolog do portal Terra.

Aracy de Almeida
 Na conversa, que gerou vários comentários, os usuários falam sobre as idas e vindas do cinema Imperator aberto ao público em 1954 com 2.400 lugares, era considerado a maior sala de cinema da América Latina e marcou toda uma geração de espectadores, ávidos por assistir as chanchadas da Atlântida Cinematográfica e filmes norte-americanos estrelados por astros como James Dean, Marilyn Monroe e Elvis Presley. A entrada do cinema era o ponto de encontro da juventude transviada. O Imperator  foi referência do Méier. Quando inaugurado, a turma do bairro e de outras partes da cidade vinha com frequência se reunir naquele que seria o novo “point” por um longo tempo. Ficava tão lotado que causava transtornos aos moradores vizinhos. Muitas vezes aconteciam brigas e todo mundo acabava na delegacia. Foi "point" de muitos motoqueiros e roqueiros.

Mas nem só de cinema viveu o Imperator. Com o advento dos cinemas multiplex, os grandes complexos com várias salas de exibição, os cinemas de rua enfrentaram uma forte crise e um grande esvaziamento de público. Assim como vários outros, o Imperator não resistiu e encerrou suas atividades em 1986. Entretanto,  o Imperator ressurgiu como casa de shows, sob o comando de Kleber Leite. A Casa tornou-se uma das mais modernas da cidade, fazendo concorrência ao Canecão. Moradores da zona sul iam ao Méier para assistir aos artistas.


João Nogueira
Faziam parte da turma João Nogueira, onde começou o clube do samba e Edson Santana, jurado do programa do Chacrinha (lembra dele?) que morava em cima do Imperator, onde Aracy de Almeida também morou por um tempo.

Anos depois houve uma nova decadência. A casa mudou de proprietário e passou a adotar bailes funk e até leilão de cavalos como "atrações". As igrejas tentaram adotar o local, mas a Associação de Moradores não permitiu.

Considerado pelo seus fundadores como um bebê que nasceu grande, o Bloco Boêmios do Méier tem pouco mais de um ano e já espera juntar mais de 1200 componentes nos desfiles oficiais que acontecerão no sábado e terça-feira de carnaval.

Enquanto os festejos de Momo não chegam no entanto, a galera esquenta os tamborins durante os ensaios técnicos, que acontecem nsempre no início de fevereiro, o ensaio acontece na rua Dias da Cruz, em frente ao Imperator e seus organizadores garantem, que não precisa ser Boêmio para aderir ao bloco, basta ter espírito carnavalesco e samba no pé. 

Boêmios do Méier
Com o enredo Bar Doce Bar, o Boêmios do Méier nasceu da idéia de vários amigos, amantes da boemia e adoradores do bairro e que achavam que o Méier precisava de uma animação diferente que reunisse todos os seus moradores.

As cores escolhidas para o bloco são o amarelo que para eles representa a beleza do dia e o sol do carioca e o preto que simboliza e a noite e os prazeres da boêmia.

Ele é um pão e ela é uma brasa, mora?

Por Julia Rodrigues



Se você não entendeu o título do post, provavelmente não era um jovem nos anos 60.

As gírias já eram usadas como forma de comunicação não só entre grupos sociais, mas entre profissionais de uma mesma carreira e patotas de diferentes bairros.

Na verdade, dizer que ele é um "pão", nada mais é do que dizer que determinado rapaz é bonito e chamar a moça de "brasa', era chamá-la de espevitada.

Aqui vão algumas gírias usadas nos anos 60:

bicho = amigo
certinha = mulher bonita
chapa = amigo
gamar = namorar
mancar = desrespeitar
papo firme = conversa séria
papo furado = conversa boba
pra frente = moderno
Nos anos 70:

aprontar = criar uma situação
careta = pessoa conservadora
chocante = bom ótimo
curtir = aproveitar
dar no pé = ir embora
dar o cano = não cumprir compromisso
estar por fora = mal informado
falou e disse! = falou
já era = acabou
jóia = tudo bem
maneiro = bom, ótimo
podes crer = acredite
sacou? = entendeu?
tô ki tô = estou bem

O Matosão e os amarelinhos

Por Amanda Glasser, Aline Chaves e Clark Rezende

Todo bairro funciona como uma mãe. Abriga vidas e suas crias são sempre recheadas de histórias nostálgicas que remetem ao bairro querido. Na Praça da Bandeira não é diferente. A Rua do Matoso, localizada no bairro onde existe também o point do Garage e a Vila Mimosa, abriga há mais de seis décadas um espaço com muita história.
Atualmente conhecido como Matosão, o posto GNV, localizado no número 138, na Rua do Matoso, é referência para qualquer taxista que circule pelos bairros da Tijuca, Rio Comprido ou Praça da Bandeira. Primeiramente inaugurado em 1943, o espaço era de propriedade da rede Mucisa. No interior do lote foi construido um grande estacionamento coberto para carros, mantido até hoje. Na época, como não haviam muitos consórcios e nem muitos serviços para manutenção de carros, o Mucisa, além de dispor de uma grande garagem, prestava serviços de mecânica para seus clientes, o que era muito prático para usuários de automóveis, pois no próprio espaço podiam resolver, em geral, problemas mecânicos do carro, limpeza e tirar um tempo para descansar.

Desde 2006 o espaço é administrado pela rede de postos GNV. Esta mudança na propriedade também trouxe muitos benefícios para os motoristas, pricipalmente taxistas. Além de só fornecer combustível GNV, recurso utilizado em grande maioria por taxistas por ser mais econômico, o espaço tem a tradição por dar grande assistência aos amarelinhos, sem cobrar nada pela permanencia dos automóveis no estabelecimento, além de ser um espaço seguro, sem risco de depredações.
O Matosão possui uma lanchonete na entrada, com uma grande variedade de lanches em seu cardápio. No interior do espaço, criaram um espaço chamada “Praça da Alegria”, onde os clientes do posto podem descansar em bancos parecidos com os de praças, podem assistir televisão, ler jornais e compartilhar informações com os demais colegas. Hoje em dia, o posto disponibiliza abastecimento, espaço para estacionamento, limpeza externa e interna do veículo, vestiário com chuveiro e banheiro e um espaço para consertos de carro, onde terá a sorte de conhecer o simpático Wilde, mais conhecido como “bem-ti-vi”. Wilde trabalha num espaço dentro do posto há mais de 30 anos como mecânico.
O posto funciona 24 horas, cedendo espaço em tempo integral a veículos, de maioria táxis. Das 19 horas às 4 horas da manhã, dentro do posto, existe o churrasco do gaúcho, que segundo o taxista João Alves, que frequenta o posto há 5 anos, fazem pratos de grande qualidade e com preços populares, atraindo até moradores do bairro que não costumam utilizar outros serviços do posto. João ainda ressalta que o Matosão possui um relacionamento de amizade com seus clientes, motivo que faz com que o posto reuna grande quantidade de taxista ao longo do dia. De madrugada há um grande movimento, pois muitos param para descansar, desfrutar de um prato do Gaúcho ou conversar com os colegas. O ambiente é amistoso em todos os sentidos.



Imagine viver carregando passageiros o tempo todo, em locomoção constante. O desgaste do carro é eminente, então o posto oferece descontos diferenciados para taxistas, fortalecendo ainda mais seu laço com esta classe trabalhadora que tem muito a ganhar com o Matosão.

Turma do Bob's

Por Flávia Lima e Diogo Nunes

Rio de Janeiro, zona Norte, Tijuca! Um pouco escondida pelas montanhas da beira-mar, cercada pela maior floresta urbana do mundo. O bairro é rodeado de escolas de samba, ao contrário de outros bairros do Rio, a Tijuca não é um ponto turístico ela é um bairro de verdade. Um lugar onde se encontra os amigos pelas ruas, onde se tem boteco de estimação e o jornaleiro te cumprimenta pelo nome, ainda mais quando se passa pela Praça Saens Pena onde aconteciam os encontros da famosa turma do Bob’s.
Formada por volta dos anos 60 e 61, a turma era formada por jovens de várias turmas da Tijuca, Grajau, Vila Isabel e Rio Comprido.  A turma foi surgindo naturalmente pois a praça Saens Pena era o destino natural dos jovens por causa dos cinemas Metro e Carioca (famoso pelo seu requinte e ar-condicionado congelante que vazava até na calçada), bares e grandes concentração de meninas. Os encontros eram diários a qualquer hora e tinha um numero mínimo de 15 pessoas, nem sempre as mesmas, pois, existiam mais de 100 componentes na turma que frequentava o Bob's


A turma ficou conhecida por ser meio autoritária. Conta-se que quando chegavam à praia da Barra da Tijuca, no point de encontro em frente ao Olegário Maciel, a galera toda cerca de 40 pessoas chegavam e quem estivesse no espaço onde o pessoal jogava Vôlei com barracas e cadeiras, eram obrigados a saírem para eles poderem jogar, quem via aquele grupo grande chegando não se atrevia a invadir o espaço dele.
Quase todo mundo da turma tinha um apelido,  mas alguns se destacavam por serem bem curiosos como Tuninho “calhorda” (não se sabe a origem do apelido, pois a pessoa é extremamente correta),  Jarbas “do braço forte” ( fazia jus ao apelido pois praticava levantamento de peso),  Roberto “me garanto” ( treinava defesa pessoal e vivia dizendo que se garantia), Toni “capoeira” , Marquinho “mais malandro” (pois achava-se muito esperto), Amaralzinho “chulé” (imaginem o motivo),  Miltinho Amaral “Pau queimado” (por ser bem moreno e por pernas finas, também era chamado de Tico Tico), “Borbolha” o que colocava apelido em toda a turma, Luisinho “abelha” ( tem cara de abelha), Nelson  “cabelo”( tinha um cabelo enorme e vivia mexendo nele), Alfredo “velho” (era o mais velho da turma), Carlos “gatinho” (tinha cara e sobrancelhas iguais a de um gato), Mauricio “peixe boi” e Tião “búfalo” (jogador de futebol de salão que tinha muito vigor nas partidas).
Um ponto de encontro também, era o bar do Éden, na esquina das ruas General Roca com a Rua Conde de Bonfim (hoje em dia banco Itaú), que tinha um quadro famoso  por ter o roteiro das festas do dia. Assim eles chegavam no bar, viam onde tinham festa e de lá bebiam umas cervejas, juntavam uma galera e partia para a balada geralmente no Montanha Clube, Clube Municipal ou até mesmo na casa de algumas meninas. Em uma dessas festas, Jorge Ben lançou a música “Mais que Nada”, ele que costumava levar seu violão para tocar e cantar. Naquela época não precisava ser convidado, bastava saber onde era a festa e ir.
Como toda a turma, a galera do Bob’s também tinha as suas gírias, meninas bonitas eram “avião”, as feias “dragão”, “mané” pra galera menos esperta e “águia” para os mais antenados. “Bicho” era usado direto por eles, se a pessoa estava sem dinheiro fica meio assim de sair porque estava “liso”, só que sempre tinha um da turma que tava “montado” e fica por conta dele as despesas dos amigos lisos. Começaram usando calça boca de sino, depois foram para as mais apertadas e camisas floridas. Curtiam Beatles, Jovem Guarda e Bossa Nova. Uma galera super tranquila, onde os jovens não usavam drogas a cuba libre era o limite, os namoros também eram limitados e super caretas, por exemplo, sexo era raro!
Era uma época em que Tião (Sebastião hoje com 69 anos) tinha 18 anos, e ele e seus amigos tinham lambretas e fuscas, e faziam “pegas” no Alto da Boa Vista. A galera visitava os ensaios de Carnaval do Salgueiro (no morro), para verem o compositor Bala do Salgueiro que também era conhecido por ser engraxate na Praça Saens Pena e fazia suas composições ali mesmo trabalhando na maior alegria. Aliás o carnaval para eles era um "acontecimento". Começaram passando no Hotel Higino em Teresópolis,  depois no Clube do Canal em Cabo Frio até que anos depois descobriram Búzios ondem passaram vários carnavais.
Diferente de outras, a turma do Bob’s não perdeu o contato, a galera se encontra até hoje para conversarem e relembrarem os velhos tempos, os encontros não são tão frequentes como antigamente, mas eles nunca deixam de se reunirem e isso acontece de 4 em 4 meses, e não vai pouca gente não! Esses encontros reúnem mais de 50 pessoas. Pra quem quiser saber mais um pouquinho dessa turma e entender como era os jovens daquela época o próximo encontro será no dia 13 de Dezembro no Marina Clube na Barra as 14 hs. Aonde todos os "jovens" da turma do Bob’s vão se encontrar para reviver um pouco daquela época.

A Turma do Divino – Tijuca

Por Henrique Romualdo

O bar Divino foi um point dos jovens da zona norte, na calma e romântica Tijuca do final da década de 1950 até meados de 1960. O bar localizava-se na Rua Haddock Lobo, esquina com a Rua do Matoso, ao lado do Cine Madrid, tornando-o ainda mais popular naquela época. Além de ser um ponto de encontro para as conversas informais, refeições ou uma singela pausa para um milk-shake, a proximidade com o cinema servia de estratégia para os mais espertos, que aguardavam calmamente um “broto” qualquer sair da exibição, investindo logo numa paquera ou num simples jogo de olhar.
 

Durante as noites tijucanas, diversas turmas se reuniam no bar/restaurante, mas a que conquistou destaque especial foi uma apaixonada pelo recém surgido Rock and Roll e que em breve arrancaria suspiros aos embalos da Jovem Guarda.
A união dessa galera era fruto do amor pelo novo ritmo americano. Todos queriam cantar como os novos ídolos – Elvis Presley, Little Richard, Chuck Berry.
A turma era bastante diversificada, composta por moleques moradores da redondeza. Alguns vinham de Piedade, Rio Comprido, outros do Méier, mas todos se reuniam naquela mesma esquina, dentre os quais destacavam-se Tim Maia, Erasmo Carlos, Jorge Ben, Edson Trindade (autor da música “Gostava tanto de você”), além de  José Roberto, conhecido como O China e Arlénio Lívio, futuro integrante do Blue Caps, que numa noite, levou seu colega de curso supletivo, Roberto Carlos, ao Divino, apresentando-o para uma audição no grupo Sputniks.

Roberto morava no subúrbio de Lins de Vasconcelos, mas depois desse encontro começou a freqüentar o Divino tornando-se parte da galera tijucana. 
Era bastante comum formarem-se grupos de rock aos moldes norte-americanos.

O Sputniks foi um desses grupos, criado por Tim Maia, mais conhecido como Tião pelos meninos da vizinhança (que quando queriam implicar com o gordinho gritavam “TIÃO MARMITEIRO!”, fazendo alusão à pensão da família do futuro Síndico do Brasil).

Erasmo e Tim Maia eram bem próximos. Este morava na pensão do pai, seu Altivo, na Rua Afonso Pena e aquele passou o início da infância e adolescência na Rua do Matoso, morando em residências modestas com sua mãe.
Erasmo relata em seu livro, ”Minha Fama de Mau” lançado pela editora Objetiva, algumas das formas de diversão daquele período:
“Casa do ócio, oficina do diabo, diz o ditado que é uma definição precisa daquela rapaziada da Tijuca. Afinal, a falta do que fazer, principalmente nas noites de sábado, nos levava a aprontar, como quando trocávamos as letras do Cine Madrid, reinventando o nome dos filmes. Trocamos Teseu e o Minotauro por Tesão do Mineteiro. Criamos outras jóias, como Uma Puta em Nova York (Um Rei em Nova York) e Mogli, o Menino Viado (Mogli, o Menino Lobo). Ficávamos esperando o dia amanhecer só para ver a reação das pessoas indo trabalhar.”

Ainda segundo as informações relatadas neste livro, a turma do Divino obtivera respeito perante as outras em função de um membro especial do grupo, uma garota, chamada Lilica. Uma menina mulher, que acompanhava os meninos em todas as atividades: brigas de rua, soltar pipa, jogar bola, ia ao Maracanã, bebia e ainda fazia sexo com todos. A primeira vez de quase todos aqueles jovens fora com Lilica, que por muito tempo foi o anjo e o talismã daquele seleto grupo.

Outro personagem curioso dessa galera era apelidado de Babulina e morava no Rio Comprido, o apelido veio por conta da sua interpretação da musica Bop-A-Lena de Ronnie Self. Seu nome era Jorge Ben um mulato alto, atlético, com ginga de malandro que sempre estava com seu violão nas costas.

A música não era a única paixão desses moleques, o futebol, mania nacional, também era tido como um sonho profissional idealizado por muitos desses garotos.

Erasmo e Jorge Ben se aventuraram por esse caminho, o primeiro fez um rápido teste no America e foi rejeitado, já o segundo tentou a sorte no Flamengo chegando a treinar no juvenil. Jorge jogava muito bem, driblava, tinha ginga e estilo e durante muito tempo suas habilidades com a bola foram fundamentais durante os campeonatos disputados pelo time do divino.

O pessoal do divino diferentemente das outras turmas era pobre, eles não tinham carros, nem motocicletas como outras turmas e por isso não podiam invadir sala de cinemas como as turmas da Zona Sul faziam. Com isso a turma do subúrbio arrumava um jeito para descolar uma graninha que serviria para o lazer ou poderia complementar a caixinha de fundos para viagem de Tim aos E.U.A, como narra Nelson Motta na biografia Vale-Tudo:



Nas vésperas da viagem, encontrou Erasmo no Divino e ficou sabendo que a noite seria chumbo grosso. Uma velha casa de cômodos da Rua do Matoso ia ser demolida. O último inquilino já havia saído, o pardieiro estava vazio e caindo aos pedaços e, como era muito antigo, todos os encanamentos eram de chumbo ─ e o chumbo valia 35 cruzeiros o quilo numa lojinha na Leopoldina. Não seria a primeira vez. Os garimpeiros de chumbo dividiam a casa por áreas e cada um ficava com a sua, para não ter briga. Só os canos de uma privada, tubos imensos de chumbo, garantiam uma semana de vida mansa e, para garotos pobres da Tijuca, farta.

Depois daquela noite, toda a turma comprou roupas novas na Ducal e Tim conseguiu mais 9 dólares, trocando os cruzeiros do chumbo a peso de ouro numa joalheria da Haddock Lobo.”

No início da década de setenta, o Cine Madrid pegou fogo e nunca mais voltou a funcionar, o Divino também não existe mais. Hoje no lugar do antigo embrião da Jovem Guarda encontram-se duas pequenas lojas, uma lanchonete chamada Ravi’s e o salão Eros.
 

A fama do Divino ainda está presente na Rua Haddock Lobo, o bar ao lado dessas duas lojinhas na esquina com a Rua Barão de Ubá adotou o nome de “Botequim do Divino”. Influencia explícita ao antigo point, apesar de não haver nenhuma ligação com antigo proprietário, como me esclareceu o garçom do estabelecimento.

Sr Amin, é um dos poucos comerciantes que ainda resiste ao tempo e continua na Rua do Matoso desde 1958. Ele é o proprietário da Casa Elizabeth, uma modesta loja de moveis no número 204 e se orgulha em dizer que Roberto Carlos comprou alguns moveis de sua casa na sua loja.

- Isso aqui era uma festa, os famosos freqüentavam o Divino lembro-me bem do Roberto comprando alguns moveis aqui antes da fama e Jorge Ben também era outro que estava sempre andando por aqui.

Amin relembra com orgulho outros clientes importantes que passaram por sua loja como Pelé e Xuxa, além de Zico que morada na Rua do Matoso e quando jovem chegou a fazer algumas compras no local.
 
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