22 novembro 2011

O trunfo dos pracinhas

22 novembro 2011

Por Aline Chaves

A Praça Castilhos França, ou para os tijucanos de sangue Praça Afonso Pena, passa batido por milhares de pessoas que passam correndo para entrar na Estação no Metrô, fazer umas comprar no Pão de Açúcar ou tomar um café no bar Caçador, certo? Errado. A pracinha é diariamente freqüentada por aposentados como o Seu João que senta nas mesinhas dispostas e joga carteado à luz do pôr-do-sol que passa entre os altos prédios do bairro carioca.
Seu João, e seus ‘parceiros de sueca’, denominado dessa forma pelo próprio, não marcam horário, nem mesa. Qualquer um ali é bem-vindo, desde que saiba jogar e suporte perder pra ele, que se diz o melhor entre os “oitentões”. E é no meio de tanta falta de modéstia e olhares ligeiros sobre as cartas que o ex-vendedor de material de construção sobrevive há 83 anos pela pracinha. Viúvo, aposentado e com dificuldade para andar, o senhor conta que a única forma de se distrair dos problemas da velhice é jogando cartas, com os velhos companheiros de mesa. A cada mudança de trunfo, uma dupla nova e o jogo fica cada vez mais dinâmico, isso para que os que estão na “de fora” não fiquem esperando muito tempo.
Buraco e tranca também estão entre os jogos disputados na Afonso Pena, mas a sueca ainda é a preferida. A habilidade de Seu João não é apenas reconhecida por ele não, Seu Ademir, de 79 anos, diz que o amigo aprendeu a jogar com ele anos atrás na mesma pracinha e que agora joga melhor que qualquer “broto” que senta ali para desafiar. “ O jogo conta muito com a sorte, mas a experiência é diferencial”, diz ele.

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