Por Bruno Fernandes e Maíra Wheeler
Um dos componentes da Turma do Sinhozinho continua forte e saudável andando pelas ruas de Ipanema. Carlos Petezzoni, o Belisquete (belisquete era uma peça de fuzil usado pelo exército brasileiro, onde Petezzoni serviu em 1949), conversou com nossa equipe e falou com orgulho sobre o tempo em que conviveu com aquela turma. “Eu era melhor amigo do Sinhozinho, uma pessoa alegre e piadista, mas muito rígido com seus alunos. Daquela época só tenho lembranças agradáveis, onde até as brigas eram mais românticas”.
Durante a entrevista, realizada na casa de Petezzoni, podemos observar que ele ainda está em plena forma. São pesos, halteres e aparelhos de musculação espalhados por todo o apartamento. Além de malhar, Belisquete continua uma dieta rigorosa. “Continuo mantendo minha forma até hoje. Não tenho a mesma disposição de quando era jovem. Mas preciso manter o meu corpo em movimento”, disse.
Petezzoni foi um dos discípulos da capoeira ensinada por Sinhozinho. Seu interesse pela capoeira era tanto que em 1950 ele e seu irmão foram para New Orleans ensinar os americanos uma nova forma de luta. “Os americanos conheciam somente o boxe. Não sabiam o que eram luta com os pés. Quando perceberam que eu poderia arrebentar os sacos de boxe com os pés dando os pontapés da técnica de capoeira passaram a me respeitar. Comecei a treinar todos os dias com eles no New Orleans Athletic Club e deixei a marca da capoeira do Sinhozinho na América”, explicou Carlos que admite que a o pessoal da turma do Sinhozinho gostava de uma briga.
“Certa vez, estávamos todos em Ipanema na casa de Sinhozinho e chegou um homem negro, do Morro do Cantagalo. Ele veio dizendo ser o melhor capoeirista do Rio de Janeiro, ele tinha uma marca de tiro na virilha. Peguei meu quimono para lutar com ele que estava de cueca. Todos pararam para olhar. Depois da luta tive medo de ter matado aquele homem”, afirmou com um olhar um pouco arrependido.
Apesar de tanto tempo ter passado ainda existe uma chama acesa da Turma do Sinhozino. E Carlos Petezzoni é um dos representantes dessa geração que marcou a vida e os hábitos do bairro de Ipanema.
Petezzoni demonstra sua téncica em New Orleans, em 1948 |
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