08 novembro 2011

Os eternos farristas de copacabana

08 novembro 2011
Por Thassiana Carias

Na década de 50, Copacabana oferecia uma das casas noturnas mais famosas do Rio de Janeiro: a boate Vogue. Frequentada pela alta sociedade carioca, o hotel e boate Vogue, situada na Princesa Isabel, pertencia ao Barão austríaco Von Stuckart e todas as grandes estrelas dos anos 1940 e 1950 se apresentaram lá como,  Dolores Dura, Aracy de Almeida, Linda Batista, entre outras.
No início da década de 1950, a Vogue contratou uma cantora francesa chamada Patachou, que tinha por hábito sentar-se no colo dos senhores enquanto cantava e cortar-lhes a gravata com uma tesoura! Além da famosa francesinha, uma orquestra de peso se apresentava todas as noites e Sacha Rubin sempre saudava a chegada dos habitués com a canção preferida de cada um deles.  Não precisa nem dizer o frisson e o sucesso que toda essa mistura causava! O espaço tornou-se ponto obrigatório das personalidades da época como Benjamin Vargas, irmão do presidente Getúlio Vargas, Teresa e Didu Sousa Campos, Lili e Horácio Carvalho, os Mayrink Veiga.
Outra turma que era freqüentadora assídua da boate era a Turma dos Cafajestes, conhecidos por promover festas que abalavam os padrões da alta sociedade da época. Faziam parte do clube alguns rapazes da alta burguesia e outra pequena parcela nem tanto. Nenhum deles levava desaforo para casa e eram conhecidos por gostarem de uma boa briga e de fazer coisas absolutamente inusitadas e provocatórias. Criativos, corajosos e mulherengos, estes rapazes andavam juntos durante o ano inteiro, aproveitando com toda sua irreverência  o carnaval e nas suas disputadas festas não faltavam boas bebidas e excelentes orquestras, sempre, é claro, rodeados de belas mulheres.
O grupo foi fundado e liderado por Eduardo Henrique Martins de Oliveira, comandante da Panair do Brasil. Além de Edu, entre os membros da Turma estão nomes como, Alberto Sued, Baby Pignatari, Bubi Alves, Carlos Niemeyer (piloto da aviação comercial), Carlos Peixoto, Carlos Roberto de Aguiar Moreira (secretário-geral particular do presidente da República), Cassio França, Celmar Padilha, Darcy Froes da Cruz, Ernesto Garcez Filho, Ibrahim Sued, Ivan Cardoso Senior, Jorginho Guinle, Léo Peteca, Mário Saladini, Mariozinho de Oliveira, Oldair Froes da Cruz, Paulo Andrade Lima, Paulo Soledade (piloto da aviação comercial), Príncipe Dom João de Orleans e Bragança (oficial-reformado da Força Aérea Brasileira), Raimundo Magalhães, Sérgio Pettezzoni.
As atripulias eram tramadas na Confeitaria Alvear, em Copacabana, na Avenida Atlântica, esquina com a República do Peru, que não raras vezes terminavam com a intervenção da Polícia Especial, já que sempre pareciam (e realemente estavam) dispostos em transformar uma pequena briga em conflito generalizado.
Porém, o Clube dos Cafajestes nunca mais foi o mesmo desde 28 de Julho de 1950. Nesse dia, o PP-PCG, pilotado por Edu – líder do ‘Clube dos Cafajestes’ – decolou do Galeão em direção a Porto Alegre com 43 passageiros e sete tripulantes a bordo. Ao chegar em Porto Alegre o PP-PCG fez duas tentativas de pouso, mas não conseguiu descer, colidindo com o Morro do Chapéu, em Sapucaia do Sul, às 19 horas e 49 minutos. A tragédia foi considerada o maior acidente aeronáutico da América do Sul à época, e o maior do Rio Grande do Sul até hoje.
Cinco anos depois, com final também triste, chega ao fim a boate Vogue. Em 14 de agosto de 1955 um terrível incêndio, cujas causas nunca foram totalmente esclarecidas, destruiu a nightclub carioca. Na data trágica, 5 pessoas faleceram, entre elas, o cantor americano Warren Hayes. O acidente comoveu toda a cidade e,  apesar de não existir mais, quem viveu naquela época nunca se esqueceu do sucesso que a pequena casa noturna tinha.

Ibrahim Sued

Comandante Edu, Athemar Dutra e Heleno de freitas - fundadores do Clube 

Linda Batista durante apresentação na Boate Vogue

 Carlos Niemeyer

1955 - Incêndio na Boate Vogue

Confeitaria Alvear - ponto de encontro dos cafajestes

Manchete do jornal Correio do Povo - acidente do comandante Edu


3 comentários:

Thereza Bulhões

ZUM...ZUM...ZUM... ESTÁ FALTANDO MAIS UM

Leonel Souza

Ibrahim Sued. Tive o prazer de conhecer este colunista em Estoril .Portugal . que sempre fui fã. Gente boa saudades.

B®uno Pettezzoni

Saudades do meu pai, o Sergio Pettezzoni.

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