Rata de praia. Assim podia ser definida Maria Luiza Bastos. A carioca, de 57 anos, era freqüentadora assídua de Ipanema e acompanhou de perto as transformações da praia para a construção do píer. “Me lembro das dunas de areia criadas pelo movimento dos tratores, pois estava na praia quase todos os dias. O cenário eram as dunas imensas com os principais artistas e pensadores da época 'viajando' e criando arte. Ali ocorreu um grande movimento sócio, político e cultural”, explicou Maria Luiza.
Esse movimento começou quando o emissário submarino começou a ser instalado. Daí, houve uma grande migração para a região do píer. Primeiramente, os surfistas do Arpoador que foram atrás das melhores ondas. Por causa da construção do emissário surgiu um banco de areia na região que era perfeito para a formação de ondas. “A galera descolada ficava no Arpoador. Todos tatuados que tinham acabado de chegar da Europa e dos Estados Unidos com todas as novidades”, relembra Bastos.
Todos aproveitavam o mate gelado do Dagolho |
Maria Luiza lembra com saudades da galera que frequentava o píer. Um ponto de encontro aonde as expressões de arte, cultura, esporte se manifestavam de todas as formas. “A lista era extensa. Tinha Fernando Gabeira, Sonia Braga, o pessoal do Dzi Croquetes, Pedro Bial, Chico Buarque, Gal Costa. E todos eles bebiam mate no Degolho (sósia do ex-presidente da França Charles De Gaulle). Era impressionante que ele sabia tudo de cabeça, não tinha caderninho para anotar quem estava devendo pra ele”.
Hoje, o local onde ficava o antigo píer virou o famoso Posto 9 e continua sendo freqüentado pelos jovens da nova geração. Só que as meninas não usam calcinha de lycra, a depilação não é mais mal vista e eles não falam “que barato”, “bicho”e “milico”. Os tempos são outros, mas o point é o mesmo.
Galera reunida no final do tarde no Pier |
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